DESEJO
Ah o desejo
pode vir num beijo
num coçar de queixo
num toque de realejo
No levantar da saia
na mordida da lacraia
no oh quando ela desmaia
na lida da alfaia
No balançar do trem
no cantar do vem-vem
numa cédula de cem
no tilintar do vintém
Num copo dágua
na ponta da anágua
no olhar raso dágua
da tua mágoa
No riso certo
no estar perto
no olhar incerto
no seio descoberto
Na gota da neblina
no seio tangerina
sob a blusa da menina
na solidão da esquina
Ah, o desejo
doce como quebra-queixo
vibrante como remelexo
deseje-me que eu deixo.