A Sombra que latia e se afastava
Trazia no seu dorso o pelo ruivo
A sua desdita de homem lamentava
Ladrava e maldizia em cada uivo.
A Sombra negra do pequeno se agitava
Do seio maternal o sangue bom fluía
A marca do destino a alma atormentava
Ladrava o seu medo, a noite era o seu dia.
A grande Sombra no latido do seu tempo
Trouxera imensa dor na mesma morte
Seguira como Sombra no Vale do Tormento
Ladrando e lamentando a triste sorte.
Era um riso debochado e bem cretino
Que fazia gorgolejo em alta voz
A Sombra esparramada em desatino
Abraçava o Homem e dizia: “Somos nós...!”
O Homem sacudia a Sombra, esforçava,
Queria a todo custo ver-se livre, escapar,
Mas a Sombra pegajosa o Homem enlaçava
Era a Sombra e era o Homem... era um par!
Da alma anelava tão só um leve alento
Do sopro que do alto vem e a socorre
Ladrando e uivando corre contra o vento
O Homem acha a vida, a Sombra deita e morre!
Por que escrever sobre a Sombra? Na verdade, a Sombra é uma companheira inseparável de cada ser humano. Não existe pessoa sem Sombra...! (Mauricio Martinez)
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