ENTRE A VIDA E A MORTE
Éolo banha-me todos os dias com seu hálito,
às vezes quente mormaçando-me em umidades ácidas
germinando erupções superficiais, em minhas entranhas,
outras, gélido, selando meus poros, endurecendo, envidraçando
meus terminais, navalhando-me como exímio fígaro
em açoites medidos, sem ferir a pele.
Elasteço a vida,
cascavel paradisíaca a soltar tubos frágeis,
peles leves, tênues, entre moitas do cerrado agreste,
banquetes ácaros,
sentindo-a esvair-se em sinfonia de Babel.
A ceifadeira exulta.
Caminha à minha sombra,
engolindo-a em pouco como faz o sol à sombra,
sumindo-a ao zênite.
Ah, ainda tenho as tardes...
Tudo recomeça...