ENTRE A VIDA E A MORTE

Éolo banha-me todos os dias com seu hálito,

às vezes quente mormaçando-me em umidades ácidas

germinando erupções superficiais, em minhas entranhas,

outras, gélido, selando meus poros, endurecendo, envidraçando

meus terminais, navalhando-me como exímio fígaro

em açoites medidos, sem ferir a pele.

Elasteço a vida,

cascavel paradisíaca a soltar tubos frágeis,

peles leves, tênues, entre moitas do cerrado agreste,

banquetes ácaros,

sentindo-a esvair-se em sinfonia de Babel.

A ceifadeira exulta.

Caminha à minha sombra,

engolindo-a em pouco como faz o sol à sombra,

sumindo-a ao zênite.

Ah, ainda tenho as tardes...

Tudo recomeça...

Joseoli
Enviado por Joseoli em 18/02/2010
Reeditado em 22/02/2010
Código do texto: T2093729
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