Absens...
Ausente estiveste pela vida
Plantaste o destino que hoje rejeitas
Em teu silêncio repousas enfim
Mergulhado no tempo
Levado pelo vento frio e mortal
Memorial do mal
Em meio a paisagens inertes.
Tu não ves beleza
Sequer teu olfato sente perfume
Os teus olhos enevoados
Apenas percebem a nostalgia
Que o descaso criou
Em rústicas notas mortas
De um canto consumido em dor.
Tu te tornaste teu próprio algoz
Ao ser tirano e sem nobreza alguma
Deste o fel em lugar do mel
Hoje bebes teu cálice amargo
Embriaga-te em fontes escuras
Saboreando o teor da derrota
Negras nuvens são o teu teto.
Por luz existe apenas a sombra do teu egoísmo
Tuas vestes são mortalhas manchadas de lágrimas
Teu alimento o sangue dos teus martirizados
E o som que ouves são gritos de agonia
Saindo do âmago dos desesperados
Teus dias amanhecem escuros
Teu sol se eclipsou no passado.
Em ruínas estão tua esperança
Já não há uma gota de verão
Rios encharcam a terra infértil
Mas não nascem flores
Os amores feneceram
A alma da vida foi-se para sempre
Mergulhada em tua "ausência"...
by Me