À MINHA AMADA
Peripatético,
caminho sobre minha amada Fortaleza coberta
de tecido betuminoso já roto
pelas neblinas cajueirinas de novembro...
Ando por suas coxas imensas bronzeadas pelo sol do ano todo
metidas em meias-calças bordadas em
grãos de sílica cintilantes,
dignas de uma Iracema rebelde dos seios de mel...
Entristeço-me em vê-la, ainda,
com algumas erupções cutâneas tornando-se crônicas...
Dizem, perpétuos prenúncios de
uma maturidade prematura...
Chuva característica surpreende-nos
trocando carícias...
Enfio as mãos dentro de suas coxas morenadas...
Bolino-a.
Deixa-me brincar, escorrer entre meus dedos
maciezes de suas intimidades...
O mar bravio esconde nossas malícias
cobrindo-nos de espumas...
Iracema, enciumada, arco em guarda,
ler nossos corações...