SUPERSTIÇÃO...
Deixo paradas as minhas mãos sobre o teclado enquanto escuto barulhos além da janela. O som identifica o destino dos carros, além da música, provavelmente do fim de uma comemoração em um estabelecimento não muito longe.
São passadas três horas da manhã e guiada apenas pela luz da tela do computador contrastando com a escuridão do quarto, na tentativa de registrar a próxima palavra, sou interrompida por unhas no alumínio: meu gato preto, em seu pedido de código, avisa-me pela janela que quer entrar.
O silêncio retorna e as palavras parecem adormecidas. O tempo entre o abrigar meu bichano e o retomar a escrita foi demasiado grande para que não interrompesse a tênue seleção vocabular.
Após minutos e minutos de tentativas frustradas em dar continuidade decidi deixar que as palavras descansassem, pois sei que estou exigindo presença no momento que lhes cabe a folga!
E digo, então, que salvei a página com uma única palavra e que aqui fica o princípio de uma poesia:
SUPERSTIÇÃO...
ELENIZE