PALAVRÃO

Duvido que um energúmeno, carcamano nesta vida, não

tenha dito palavrão, por coisa séria, uma besteira.

Aliás, dizê-lo é rotina, do cotidiano,

Escapa liso, muçum ensaboado, por raiva, brincadeira.

Sabia, às vezes, por necessidade,

como uma bacia velha pr’uma renitente goteira.

Digam-me se não é prazeroso, num jogo de futebol quando

o atacante bom ou ruim, por leseira,

um gol perde, nós o mandamos

para aquele lugar, com a família inteira?

Numa topada, ele sai ecoando, a todos admirando,

como uma bacia velha pr’uma renitente goteira...

Os moralistas, os hipócritas, trazem-no encabrestados,

mas, por dá cá aquela palha, rompe-se a tranqueira...

Soltam de lotes, aos bandos, baixinho, se lamentando,

beatas a se confessarem, quando perdem as estribeiras.

Razão tem o povão, que o usa com propriedade,

como uma bacia velha pr’uma renitente goteira.

Joseoli
Enviado por Joseoli em 12/02/2010
Código do texto: T2083477
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