ORGIA
A noite já não era mais meia, mas meia-noite,
a floresta avermelhando-se em relampejos.
Das árvores negras com folhas de morcego,
rasgando a mata chega em alardeios
Lúcifer, ordenando a orgia em vinhos orgásticos,
nas cuias rasas, nuas, dos teus seios.
A devassidão reinava sempiterna.
Gritos de prazer, salivas jorrando em mil veios,
donzelas puras, nuas, ofertando hímens,
bárbaros partindo-os com estocadas, floreios,
Lúcifer, orgulhoso, bradava: sirvam mais, mais vinho,
nas cuias rasas, nuas, dos teus seios.
Quando a madrugada despertava da letargia,
a mata espreguiçava-se pelos gorjeios
dos pássaros anunciando a alvorada,
a floresta recompõem-se e de anseios
já alcançados Lúcifer vira fumaça.
Em folhas secas, as cuias rasas, nuas, dos teus seios.