Percepção
No velho e desgastado
tampo da mesa de verniz,
quiz
o tempo que ali estaria, ele, ancorado,
inanimado; e num momento
tento
perpassar a linha física que isola
um objeto da sua real dimensão.
Mãos
espalmadas, devassando a imensidão
de uma energia infiltrada em sentimentos.
Pensamentos
fluem como um torvelinho, um furacão,
e chego, por fim, num caminho debruado,
opalado,
que me leva ao desfecho da visão;
vejo um ser inconsistente, iluminado,
arrebatado,
que num simples dedilhado ao violão,
sobre o palco se exaltava
e pude ver maravilhado, em frenesi,
uma platéia que aplaudia, se enlevava,
quando ouvia o refrão “olha aí, é o meu guri”!