O Cristo Vivo
Dias, meses, anos...,
os séculos, os milênios.
Um pequeno planeta,
oriente médio, um deserto.
Uma estrela guia,
reis magos que procuram o rei celestial.
Um pai, uma mãe,
uma simples manjedoura,
um nascimento.
Um suave botão de flor
a despertar na aridez do deserto.
Habita o futuro salvador
no corpinho de tenra criança.
Profecias do passado,
esperava-se um grande guerreiro,
Mas eis que veio da luz
para as trevas um médico de almas.
Imaginava-se um nacionalista,
mas este foi cidadão universal.
Almejava-se a fúria divina,
mas chegou o filho
para ensinar o amor do Pai.
Desejava-se o justiceiro implacável,
mas veio o mestre da misericórdia.
Queria-se um varão vingador,
mas veio quem ensinaria o perdão.
Sonhava-se um libertador político,
mas surgiu quem libertaria
da escravidão do corpo.
Obstinava-se pela glória de Israel
sobre os povos
e condenaram a cruz o seu rei.
O menino do céu
que fez-se filho do homem,
o pacífico que venceu a morte.
Foi a própria força,
mas por amar ao próximo fez-se fraco.
Desvendando pela ressurreição
a eternidade da alma.
Reafirmou o único Pai,
mostrando-o ser justiça,
mas também ser amor.
Quis que os servos da lei
se fizessem filhos,
quis que estes descobrissem-se irmãos.
E foi amor ante ao ódio.
Foi pacífico ante a provocação.
Foi perdão frente ao pecado.
Convidou-nos para o amor.
Chamou-nos para a paz.
Deu-nos o arrependimento produtivo.
Homem que não deixou morrer
o menino puro
e por isto sua alma foi pomba
que fez-se anjo.
Subiu ao céu,
antes apenas dos pássaros,
retornou a casa do Pai para aguarda-nos.
E hoje nos espera, aguarda-nos ,
mesmo que desajeitados,
para voarmos a seu encontro,
Na grande alvorada prometida
para a eternidade
dos que forem justos e misericordiosos.