O POETA

Um verso dessa tua lágrima sofrida

Que corre lentamente, mas abafada

Perpassa pelos poros, células e feridas

E morre afogado com a dor desprendida

No submerso dessa página carente,

Prestes a recebê-lo tão ternamente

Que vai registrar o enredo de sua alma

Seus mistérios, desígnios e proclamas

Uma rima no seu desejo de nascer,

Interrogando o singelo momento

Que se destaca no embrião da história

Fruto do suor e da labuta inglória

Se abastecendo no vão do sofrimento

E se vinculando no etéreo sentimento

Impregnado de uma força resoluta

Resultado de dias e anos da insana luta

Sua simplicidade plena e exposta

Na beleza ímpar de palavras ao ar

Aí residem calvário e paraíso de amar

Que a sábia natureza soube bem criar

Donde ele se perde na vã singilidade

Em sonhos e desejos contidos num só olhar

Que acende as fagulhas da impetuosidade

Criando momentos belos de profundidade

A irremediável visão dum coração

Que o persegue, o fere, o liberta

É inenarrável porque transpõe medidas

Sua vida tem a lubricidade da qual é tecida

E que impera como a mais bela inspiração

Sem jamais medir e mensurar a vera emoção

Tudo feito e refeito em segundos de explosão

Por onde o amor se veste e voa na paixão.

Dueto: Salomé & Hilde

Nota: Inspirado em ‘A flor da pele’ 2009 de Salomé

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 14/12/2009
Código do texto: T1977283