A NAVALHA

Eu! Você! Imaginemos todos nós

Quando na hora fatal,

Vir aquela lâmina algoz

Nos dar a passagem para nossa viagem transcendental.

Afiada e lúgubre navalha

Que à todos degola

Nesta insana batalha

Onde a vida se desenrola.

Suprema navalha da morte!

Ai! Será que é a minha vez?

Quando será o dia da minha sorte?

Suprema navalha da morte que apara toda insensatez!

Oh! Envolvente navalha, a minha vez quando chegar,

Jamais terei a ousadia

De teu íntimo véu, descerrar,

Pois teu brilho é tão intenso que logo me cegaria.

Como é maravilhoso

Ser degolado por esta navalha,

Entrar num mundo misterioso

E fazer a viagem que nunca falha.

Viajar por um turbilhão de fogo,

Conhecer um mundo diferente,

Esta a regra do jogo,

Ir e vir prá toda gente.

Nesta viagem não tem classe social,

Todos embarcamos no mesmo trem

Rumo ao mundo espiritual.

A única diferença são os vagões do mal e os vagões do bem...

Por isto é importante

Saber qual semente semear

Nesta semeadura constante,

Onde o ato consciente é a boa semente plantar.

Colhemso o que plantamos,

A navalha é sempre justa.

Para Deus que tanto amamos,

Este é o tempo do ajusta.

A navalha que corta aqui

É a mesma que corta lá...

As sementes que hoje plantamos aqui

Serão os frutos que amanhã colheremos lá...

Eu! Você! Nós! Todos devemos estar atentos,

Pois o corte lúdico desta navalha

Pode nos atingir a qualquer momento

E nos cobrir com a transparente veste da mortalha.