Sem remédio
Tantos dias revirados,
só para encontrar aquelas horas,
só para se perceber perdido
e se sentir esquecido.
E todos os dias revirados,
viraram-se contra nós;
em cada um, um que,
à nos lembrar que somos sós.
Tantas noites inacabadas,
terminadas antes da hora,
em que quase sempre amanhece
na claridade que não esquece.
E todas as noites são cruéis,
no dia que amanhece sempre,
trazendo à luz, o ausente.
Por isso, procuramos novos céus,
buscamos outros breus,
mas, nevoeiros são os mesmos;
são iguais sombras e véus,
cobrindo o sol que morreu.
Tantos dias revirados,
tantas noites inacabadas
porque procuramos passados;
mesmos vícios para nada.