Andarilha das Esferas
Incansável caminhante, sem destino certo
ando qual alma errante, à incessante procura
dos instantes felizes que perdi
e vivem palpitantes nas lembranças
que não esqueci da vida que vivi.
Por vezes, sinto sob meus pés
a vida, no calor da terra,
outras, o frescor dos campos relvados
confortam com maciez meus pés já cansados;
outras ainda, a suave textura da areia,
pelo eterno fluxo-refluxo do mar, molhada,
traz-me a sensação do fugaz-eterno-ciclo
ao qual estamos todos fadados.
Os seixos dos rios, brilham à luz solar,
e sinto-lhes as lisas formas sem arestas,
quando por sobre eles pensativa a caminhar,
construo com meus pensares a realidade
que gostaria de ter a felicidade de encontrar
- refulgindo sob o brilho das estrelas
e a fulgurante claridade lunar.
Essas andanças todas, sem cessar,
trazem-me a lembrança dos tempos meus,
felizes de criança quando, sem ainda saber
o que era "esperança" vivia a vida
acordada em sonhos e via a generosidade
espelhada em cada olhar.