Essência...

Senti-me presa, agarrada a cipós num pântano. Por lá permaneci sem ver a lua e nem o sol. Num escuro absurdo, não enxerguei nada. Quando eu consegui cortar os cipós e sai, toda suja, passei por um longo deserto. Um lugar seco que eu insistia em atravessar por ele de qualquer maneira. Estava com sede e não temia a distância, precisava encontrar água. Insisti seguir aquela viagem catastrófica. Não tinha nenhuma “Baleia” em minha companhia que pudesse me trazer uma caça qualquer. E se tivesse ‘dois meninos, um mais novo e um mais velho’, teria maltratado e dado até uns piparotes. Não, eu também teria matado o papagaio se ele estivesse falando demais. Eu não queria ouvir nada. Nem os lamentos de nenhuma Sinhá Vitória. Cuja derrota já era sua sina, não a minha. Eu não faria aquela dantesca longa viagem á toa. Poderia, o soldado amarelo ter me detido sim, eu era estúpida naquele momento. Achei que estava me divertindo na cidade quando avistei um mísero povoado.

Passei por esse deserto que não tinha caatinga alguma, foi um deserto que eu alimentei sozinha. Pobre vida seca! Inclusive de qualquer diálogo. Neste lugar senti muita sede, muita sede, e não encontrei água nenhuma. Nem suja e nem limpa. Nada que pudesse matar minha sede. Caíram algumas gotas de chuva do céu que eu peguei num cantil velho e gotejei em minha boca em algum momento. Mas não choveu muito e meu cantil secou logo.

Escolhi pisar no lodo e me sujei na perspectiva de encontrar alguma sensação. Ingênua que eu fui.

Mas do lodo podemos nos livrar e de sua lama. Não podemos nos livrar do mal quando não imaginamos que ele está tão perto. Mas podemos nos precaver que onde há humanos, os dois lados caminham muito próximos. É preciso reforçar a segurança e trocar as fechaduras. Pôr grades nas janelas e alarme na garagem. Não me preocupei com isso, achei que estava segura. Pobre vida seca!

Poderia ter me tornado um destrutivo ser pelo tempo que fiquei no pântano e a sede que senti naquele deserto, e por pouco não fui, sair por ai pisando nas pessoas, magoando sentimentos e usando seres humanos para atingir a minha vaidade. Eu cheguei a fazer isso, mas eu me redimi e parei a tempo.

Minha alma não hospeda desejo como este. Retirei-me do pântano, atravessei o deserto e agora vislumbro uma nascente de águas claras, aonde vou me banhar e tornar-me limpa para transparecer em meus gestos e transcender de meus erros. A mudança!

Sinto-me agora numa reta, cercada por uma natureza exuberante. Estou me livrando de energias que me sugavam o que mais preservo: minha doce essência de ser apenas humana!

Lu Maximo
Enviado por Lu Maximo em 06/12/2009
Código do texto: T1963305
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