RESSACA
Que coisa danada
É a tal da ressaca
Que quando ataca
Assaca a tua moral
E baixa logo o astral
A boca fica então seca
Até parece que engoliu...
O cabo do guarda chuva
Tudo gira e até você pira
O único antídoto transpira
Ou uma brisa que você aspira
No balançar dos coqueirais
Ouça as ondas do mar no cais
No suave sussurrar dos seus ais
Com suas belas espumas brancas
Tão pertinho que dá até pra tocar
Como são lindas as águas do mar
Que à noite com o brilho do luar
Tornam àquela estrada prateada
Por onde vejo a sensual amada
A desfilar e rebolar as suas ancas
Seus seios, pernas, braços e coxas
E logo me assanho e me encanto
Trazendo-a aqui pro meu canto
Com sua musical viola e sacola
A mandar às favas o meu pranto
Dissipar a tristeza e o espanto
Com sua alegria gostosa e saltitante
Coberta pelo manto da folia radiante
A inspirar dias e os versos da poesia.
Hildebrando Menezes