lágrimas secretas
Vivo contando orvalhos no fim da primavera
entre flores e espinhos,
há sentimentos estáticos exatamente contidos
entre água e ar.
assim como há estranhezas despidas e dispostas
em pleno arco-íris,
As cores iludem os olhos, mascaram a dura
realidade em branco-e-preto
como num filme noir com sua trilha sonora
depressiva.
Pondero em silêncio sobre essa primavera
tórrida... de flores ressecadas,
de inclemente sol a queimar
peles e ódios humanos
Na água a redenção é mais táctil
Hídricas formas de sentir comovem os
transeuntes
Crianças ostentam lindas lágrimas,
senhoras seduzem por lindas lágrimas
que percorrem seu rosto e malícia
na certeza incongruente de ser frágil e
onipotente.
Vivo contando orvalhos durante as manhãs
e em silêncio,
são lágrimas secretas,
anônimas até.
Não almejam seduzir,
não almejam sequer serem notadas...
deixam reticências para que os poetas
as transformem em poesia.