Vida Vazia
Um girar no Vazio incessante; estranhas sensações chegantes do Nada - tormentas no meio da noite, levando meu sono embora.
Sonhos inexplicáveis, estressantes; muros de silêncio insuportáveis, castelos de areia construídos no ar.
Juntar palavras a esmo, partilhar frases de efeito geladas - posturas insustentáveis; copiar ao invés de criar.
O paranóico desfile prossegue: cegos pensando enxergar; mendicantes de afetos plasmados, consumidos no fast-food do Agora.
Sou vítima de questionamentos desconexos, constantes, nesse mercado de putrefações; atritos cruéis, desgastantes, como vampiros ocultos da Luz.
São portadores de crenças-cortiças inabaláveis; tranqüilidade comprada em prestações; Igrejas diversas, inumeráveis; profetas fortuitos, apocalípticos - pregando estranhos sermões.
Amores descongelando ao calor da Verdade, sex shops a suprir carência de amantes anões; matronas elegantes, ébrias, felizes – caleidoscópio de frias emoções.
Desfilam féretros em pacotes baratos; esquifes em série seguindo - a metrópole sem tempo a perder, descompostos corpos em bloco conduz.
Urge prospectar razões prá viver enterrado nesta azáfama torrente, a esquivar-nos do pó, do cigarro - da mesmice impregnada nas gentes,
É vital perfurar profundos poços em nós mesmos, abissais proteções encontrar - um refúgio seguro da alma quando a desesperança vem nos sitiar.
Um ombro amigo, um abraço, tem inestimável valor nessa hora - é um protetor manto de sanidade; restaura nosso equilíbrio, estanca nosso chorar.
Há sempre um alento mais novo em cada nascer de sol, renovação em esquina de rua, noturno menestrel enamorado da Lua, riso de criança inocente.
Numa dessas tardes perdidas no Tempo, incomodado com o forte calor que fazia, deixei-me refrigerar no lindo sorriso de uma jovem de mais ou menos quinze anos: um passe de mágica para a crença de que faz sentido sentir alegria de viver.
Vale do Paraíba, madrugada do segundo Sábado de Novembro de 2009
João Bosco (Aprendiz de poeta)