O Pó da Terra


É o indigno e traiçoeiro
que prevalece sobre o digno e leal.
É o hipócrita e dissimulado
que subjuga o franco e verdadeiro.
É o desonesto e vadio corrupto
que aprisiona o honesto e trabalhador.
É o impostor do ideal divino
que faz-se de juiz dos ingenuamente crentes.
E ainda assim, 
que fazer se a consciência
quer combater o perverso?
Mas onde encontrar armas?
Humanamente parecem não existir.
É preciso crer no milagre,
na intervenção divina,
no Deus Pai e General.
Mas como este pai miliciano
poderá ser o Pai Amor e Misericórdia?
Basta querer ir além da fé cega
e a razão confunde-se com estes conceitos.
E se a fé é força essencial existir,
também a razão é dádiva do saber divino.
Sem a alma divina, o homem é árido,
é semente que produz fruto sem sumo.
É bela letra desenhada
por artística caligrafia,
mas ainda assim morta.
É corpo biológico, é instinto estagnado,
é zumbi despojado da fagulha de luz.
É escravo da efemeridade,
desprovido da eternidade
que conduz o existir.
É servo das ilusões da matéria,
da terra de que esqueceu vir,
e que voltará ao pó.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 07/11/2009
Reeditado em 13/10/2017
Código do texto: T1910812
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.