Quase

Correr livre, solto

Pensando em quase nada

Meditando as coisas lavadas

Deixadas quarando ao sol

Quem sabe as coisas levadas

Pro outro lado do muro

Segue escuro o caminho

Só que estou livre e não vejo

Sinto o quase desejo

De não querer estar sozinho

Junto da flor me alinho

Pássaro passa zombando

Pra quê saber onde estou?

Pra quê saber de onde vim?

Pra quê escolher o sabor

Que acham adequado pra mim?

Sigo no quase conforto

Achando que vou conseguir

Chega depressa o coqueiro

Encho o pulmão e me solto

A mangueira está carregada

Olho em torno e me volto

Quase suspiro a fragrância

Do meu peito descoberto

Deixei os homens de lado

Políticos, idéias, opressão

Fugi mesmo quase de mim

Na tola e pueril pretensão

De que iria me achar na esquina

E escolher para que lado não iria.

E a qualquer uma eu amo

Pois quase me amo também

Se dão no pé, não reclamo

Embora eu quisesse que alguém

Ficasse comigo pra sempre

Pois sempre é o quase do além.