Perdão! Perdoai-me!
Com três gotas de sangue manchei o papel
E me desagradei
Me desagradei daquelas gotas de mim
Que estagnaram a minha palavra.
O papel sentiu pesar
Abandonado, rejeitado queria a fogueira,
Queria se queimar!
Ah! Se aceitasse meu perdão!
E se soubesse que foi por ela
Que cortei o pulso direito
E deixei uma porção da minha essência
escorrer indiscriminada.
O papel se lançou às injúrias;
Desgraçou o dia em que me aceitara
E que permitira que o tocasse.
Ah! Pena rija que arranha sem mágoa
O meu pulso nu e o papel desconsolado.
Quase me esqueci de ti!
A ti confessei meus erros,
A ti entreguei minhas mágoas;
Sobre tua brancura recostei-me
Quando me senti desconsolado:
E tu, folha enraivecida,
Tu me consolaste sem pedir qualquer dívida
Além da minha pena.
Bebei meu sangue uma vez
E correi para a janela para ver
O crepúsculo divino que se mostra
Pedindo-me um último suspiro!
Uma última gota de minha consciência
Escrita em ti, com tinta ou sangue!
Sucumbo e não mais me negarei,
Nem te esquecerei, tu esposa fiel
Poesia que me amaste
Me roubaste e me fizeste em cada momento teu
O ser mais simples e mais feliz
Da existência pródiga a que me entreguei.