Imagens

Imagens nos espelhos

refletem os gostos,

os desgostos que acometem

O outro lado que não vemos...

Da gente,

não das pessoas...

Nos rostos descobertos,

sem o negro véu

Há mímica, emite gestos

como um raio riscando o céu

Imagens esparsas,

Repentinas...

Do pintor com o pincel nos pés

Do bilhete que o cego vende

Do artista desafiando as cordas

Das bolsas, das giletes baratas,

Imagens que passam,

Que tonteiam...

Nos olhares

Das floristas, balconistas, passantes

Compras, o amor, o ódio, todavia compras

Há gratidão em quem vende; lucro não é pra eles!

Não queiras ler os olhares das pessoas,

Há imagens neles, é preciso ver e tão somente,

O que são?

O que fazem?

O que te oferecem?

Acima de tudo,

ver o que podes fazer por eles...

Rodeiam imagens esparsas,

Tênues, múltiplas,

chamas de velas,

Que podes apagar com um sopro...

Não queres ver?

Então, evita, pois,

Teu próprio olhar interior,

"Quem não se vê,

como poderá olhar os outros?"

AjAraújo, o poeta humanista, refletindo sobre o cotidiano e o individualismo das pessoas.