UNIVERSAL ESSÊNCIA

UNIVERSAL ESSÊNCIA

J.B.Xavier

E por desconhecer-te, ó divinais intentos,

Sou forçado a espalhar-me em faúlas fátuas,

Como se a inocência fosse irmã da ignorância,

Como se a fartura fosse mãe da ganância,

Como se, imobilizado, fosse eu uma estátua,

Distante de ti, que crias os acontecimentos...

E por desconhecer-te, busco-te a essência

Sem compreender todo o teu poder e glória,

Como se a compreensão do todo fosse apenas ouvir

O grito dos inocentes, e fosse apenas sentir

O peso das desumanidades da história,

Com desarvorada ênfase e desumana paciência...

E por desconhecer-te, ó divinais labores

Falta em mim a peça que completa o todo,

O conhecimento pleno de tuas sublimes intenções,

Quando, pela tragédia, falas aos corações

Elevando aos céus o que parece lodo

Transformando em amor o que chamo de horrores.

E assim, pequeno, sigo como o broto, à luz

Conduzido por tua plenitude e teu encantamento

E ao caminhar pergunto-me, em cegueira plena

Qual o papel que me reservaste nesta arena

Que eternidades me reservas, ante o momento

Em que, à falta de te conhecer, tudo em ti me seduz!

* * *

JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 03/11/2009
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