UNIVERSAL ESSÊNCIA
UNIVERSAL ESSÊNCIA
J.B.Xavier
E por desconhecer-te, ó divinais intentos,
Sou forçado a espalhar-me em faúlas fátuas,
Como se a inocência fosse irmã da ignorância,
Como se a fartura fosse mãe da ganância,
Como se, imobilizado, fosse eu uma estátua,
Distante de ti, que crias os acontecimentos...
E por desconhecer-te, busco-te a essência
Sem compreender todo o teu poder e glória,
Como se a compreensão do todo fosse apenas ouvir
O grito dos inocentes, e fosse apenas sentir
O peso das desumanidades da história,
Com desarvorada ênfase e desumana paciência...
E por desconhecer-te, ó divinais labores
Falta em mim a peça que completa o todo,
O conhecimento pleno de tuas sublimes intenções,
Quando, pela tragédia, falas aos corações
Elevando aos céus o que parece lodo
Transformando em amor o que chamo de horrores.
E assim, pequeno, sigo como o broto, à luz
Conduzido por tua plenitude e teu encantamento
E ao caminhar pergunto-me, em cegueira plena
Qual o papel que me reservaste nesta arena
Que eternidades me reservas, ante o momento
Em que, à falta de te conhecer, tudo em ti me seduz!
* * *