COMUNHÃO NA TERRA
Haverá um tempo sobre a terra
em que a gana dos homens
há que desfazer-se em prol
da vida plena e bela,
e quiçá, haverá mais primaveras;
e em cada um contato de mãos,
além do gesto, a doação,
princípio de outra era.
Hão que nascer as manhãs desta outra era
com estrelas briosas,
que brilharão celestiais sem fim,
como a testemunhar assim,
a redução dos males;
as aves farão legiões
e entoarão novas canções,
que ecoarão nos ares.
E os ares das manhãs desta outra era,
hão que ter o aroma
de um ser que um ventre recém ofertou,
bendito, um fruto da esperança
e repleto de luz;
e o mar diluirá, então,
a injúria, a infâmia, a inanição,
que a vida não faz jus.
De mais puros e justos, os ares das manhãs
desta outra era,
hão que varrer dos solos
sementes do extermínio em nós
e do céu há que rugir então a voz
da mãe chuva em suas tranças;
e a terra envolta em comunhão,
de Deus, enfim, terá o seu perdão,
dado pelas crianças.
Tony Guedes