O Tosco – Escondido

O Tosco

– Escondido

Odeio quando de um quadro belo, faço um feio

um tosco, de cores tensas e loucas

ou mesmo tépido bradando vozes de desespero, roucas

E quando o olho de novo, o deixo alheio

Ao saber dos outros; jogado num canto

e em momentos de arquivar a todos, o percebo em espanto

D’o quanto em hora errada escolhi fazê-lo

Talvez fosse melhor nunca concebê-lo

Arrependo-me amargamente das suas telúricas

Imagens pintadas com escárnio, soturnas

visões turvas, tidas à noite em profundo desespero

Então triste e humildemente o recolho

escondo-o para ninguém ter de temer o tosco

Posto busco os carraras luzidios – é o que verdadeiramente

almejo

E estes pensamentos derradeiros os tenho

pois apenas assim, chega-se aos verdadeiros

– cor de Ouro!