corpo mole

às vezes

na madrugada

meu corpo

é oco

minha

alma energética

se move

o exoesqueleto

permanece

no leito

sonolento

pensamento nulo

natação lunar

viajo

até

um vilarejo calmo

uma grota fresca

e honesta

casinhota

úmida e verde

do musgo

e das ervas

um velho

de face rasgada

nesgas antigas

olhos profundos

translúcidos

leves e finos

cabelos pálidos

balbuceava

segredos

que não cabiam

no oríficio

urbano da minha

orelha

como um

toca discos

velho

que exala

uma canção

macia e ruidosa

(mesmo quando

há o

simultâneo ruído

o produto final

amortece

os sentidos)

o velho

parecia

reger um concerto

permanecia longe

mas perto

tão longe

que eu

mal entendia

sua canção

tão perto

que sua íris

me conduzia

a uma

viagem plástica

poderia permear

aquela velha alma

mas não

saberia

decifrá-la

ainda não

havia entendido

a canção

tento

aproximar

os ouvidos

faço força

uma força extrema

oh céus

agora

meu dedos

movimentam-se

agora meus

olhos abrem

lentos

pulsação

quero voltar

quero voltar

quase

por pouco

pela primeira vez

estive perto

de uma verdade

absoluta

como a morte.

Louco Rutra
Enviado por Louco Rutra em 24/10/2009
Código do texto: T1884010