TULIPA REAL GENIAL
'Carne opulenta, majestosa, fina,'
Na pele sedosa de uma menina
'Do sol gerada nos febris carinhos,'
Que já estava profetizada nos pergaminhos
'Há músicas, há cânticos, há vinhos'
Por onde a beleza desfila e teus caminhos
'Na tua estranha boca sulferina'
De onde solfejam estrelas de purpurina
'A forma delicada e alabastrina'
A perfumar as nossas narinas
'Do teu corpo de límpidos arminhos'
Cintila a pureza em desalinho
'Tem a frescura virginal dos linhos'
Numa escultura genial de uma rainha
'E da neve polar e cristalina'
Desponta no horizonte que descortina
'Deslumbramento de luxúria e gozo,'
Numa festa de orgias estrondosas
'Vem dessa carne o travo aciduloso'
Como sexo feito no jeito meticuloso
'De um fruto aberto aos tropicais mormaços'.
Por onde festejam os coitos e os amassos
'Teu coração lembra a orgia dos triclínios...'
Na decadência fratricida entre declínios
'E os reis dormem bizarros e sangüíneos'
Abastados como animais em bagaços
'Na seda branca e pulcra dos teus braços.'
Desvirginam a madrugada em cansaço.
Dueto: João da Cruz e Sousa, Poesia Completa & Hildebrando Menezes
Adaptado do poema original ‘Tulipa Real’ de Cruz e Sousa com os versos e Cruz e Sousa em aspas em homenagem ao dia do poeta.