Autorretrato
Eis o titã adormecido!
Mestiço que a noite mal vestiu.
A pele feito terra,
os músculos rochosos
e a carne escassa...
És tão pesado, titã audaz!
Nunca te inclinaste
perante o vendaval?
Bem sei, és
teu único inimigo.
E ali deitado,
onde o sonho traz-lhe a morte,
seu ar emudece os pássaros.
(Pois há no peito um tufão).
Dorme, titã lúgubre!
Vê o arrebol do amor onírico
enquanto a vida te devora.