CANÇÃO PLENA DA FORMOSURA
Vinho de sol ideal canta e cintila
Pela língua garganta adentro rola
Nos teus olhos, cintila e aos lábios desce,
Numa suave maciês que enternece
Desce a boca cheirosa e a empurpurece,
Como meiga e deliciosa carícia que nasce
Cintila e canta após dentre a pupila.
Passeando pela íris no cristalino cintila
Sobe, cantando, a limpidez tranqüila
Numa paz que revigora e enaltece
Da tu'alma estrelada e resplandece,
Das dores e males que não padece
Canta de novo e na doirada messe
Nos cânticos ao Deus em prece
Do teu amor, se perpetua e trila...
Pelos sinais da virgem santa desfila
Canta e te alaga e se derrama e alaga...
No vai e vem da poesia que me enxágua
Num rio de ouro, iriante, se propaga
Curando as feridas e todas as chagas
Na tua carne alabastrina e pura.
Melodiosa dança ensaia toda nua
Cintila e canta na canção das cores,
Saudando o amor coberta de flores
Na harmonia dos astros sonhadores,
Atravessa as madrugadas e esplendores
Assim perpetua séculos pelas alturas
A Canção imortal da Formosura!
Dueto: João da Cruz e Sousa, Poesia Completa & Hildebrando Menezes
Adaptado do poema original ‘CANÇÃO DA FORMOSURA’ de Cruz e Sousa com os versos de Cruz e Sousa em aspas.