DA AGONIA À ALEGRIA

'Trêmula e só, de um túmulo surgindo,'

Tua bela figura vem me consumindo

'Aparição dos ermos desolados,'

Deixando-me cada dia mais apaixonado

'Trazes na face os frios tons magoados,'

Marcas tantas quantas sem estar amando

'De quem anda por túmulos dormindo...'

Na cruel e vil solidão te dilapidando

'A alta cabeça no esplendor, cingindo'

Pensamentos e tormentos ressurgindo

'Cabelos de reflexos irisados,'

À espera de serem acariciados

'Por entre aureolas de clarões prateados,'

Está guardada para longas madrugadas

'Lembras o aspecto de um luar diluindo...'

Entregue em teus lindos raios prateados

'Não és, no entanto, a torva Morte horrenda,'

Muito menos o esquife cadavérico aparecendo

'Atra, sinistra, gélida, tremenda, se esvaindo'

Ao contato quente do hálito ardente assoprando

'Que as avalanches da Ilusão governa...'

Vestida às noctívagas festas das tabernas

'Mas ah! És da Agonia a Noiva triste'

Haverei de ver-te rir com lábios em riste

'Que os longos braços lívidos abriste'

Inquieta em cena encantadora surgiste

'Para abraçar-me para a Vida eterna!'

Transformando a agonia em alegria.

Dueto: João da Cruz e Sousa, Poesia Completa & Hildebrando Menezes

Adaptado do poema original ‘NOIVA DA AGONIA’ de Cruz e Sousa com

os versos de Cruz e Sousa em aspas.

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 11/10/2009
Código do texto: T1860335