REALIDADE MÓRBIDA

REALIDADE MÓRBIDA

( REFLEXÃO SOBRE A MORTE )

Quando chegar a minha hora e eu for chamado,

não hesitarei em ir embora.

Pois sei que aquele momento, já foi previamente programado...

Tanto sei, que quero partir tranqüilo,

sem que ninguém derrame por mim nenhuma lágrima...

Não de tristeza! Ou de sofrimento,

pois isso pode atrapalhar meu repentino passamento...

Certamente estarei partindo em viagem,

como as viagens de um sutil pesadelo.

Talvez eu leve na bagagem a saudade daqueles que me amaram

e a tristeza daqueles que eu não soube amar...

Se alguma pálpebra vier a se inundar, por essa minha viagem inevitável,

Peço então que não se esqueça, que ao chorar, lembre-se também de orar por essa alma,

que apesar de cônscio de uma missão cumprida, tem também débitos ainda a resgatar...

E quando forem me preparar para velar, que me coloquem junto, as flores mais atraentes, as simples, até diferentes, mas as atraentes...

E se possível, coloquem um fundo musical

com as canções em flauta de Zamfir ou as de saxofone de Kenny G.

E ao descansarem o meu leito solitário na floresta ( dos homens ) esquecida,

à sombra de uma cruz, Escrevam nela:

- Foi um ser que sonhou, amou a vida e os seus viventes;

queria ser poeta, mas foi um simples “escrevente”;

dos próprios sentimentos e dos que percebia nos seus semelhantes...

Doni Leite

Dezembro 1997