PERSONA
Por quê a água do fundo do poço
É mais longe ao velho
E mais perto ao moço
E equidistante
O bastante
Na película dos olhos?
Por quê amar mais a mãe do que o pai
Ver no menino a moça e nela o rapaz
E afugentar o equilibrista
Que some de vista
Quando o arame é fugaz?
Por quê domar o leão no coração do circo
Se no circo do coração não se doma o leão
Que o palhaço sempre esconde
sob a sombrinha que guarda ao longe
A gargalhada do animais?
Por quê não se dizer sim
Quando se é nô
Se a face desfaz-se
Num olhar retrô
Levantar a venda
E ver que acabou
A divina comédia
De um dantesco sou?
Preto Moreno