ALEGRIAS E TRISTEZAS
Às vezes anoiteço triste
e me consola a solidão
das estrelas distantes.
Às vezes amanheço alegre
e perco a alegria em instantes.
Assim, de novo anoiteço. Sorumbático,
me aborreço com o dia burocrático.
Alegrias e tristezas, flecha e arco,
são tripulantes do mesmo barco,
águas do mesmo rio, sereno ou insano,
lágrimas que temperam sorrisos e oceanos,
ora em doçuras, ora em desenganos.
Alegria é cozinhar o tempo
na panela do estar presente
em si mesmo. E soprar a brasa
que acende no peito o alento
de ser como brisa, feito vento
leve, no agora sempre atento.
Tristeza é comer o passado
qual amarga sobremesa.
E nunca enxergar a beleza
que passeia bem ao lado.
Alegria é estar para sempre liberto
dos conceitos estreitos, das amarras,
e ser livre do medo, de suas garras.
Alegria é luz dissipando a treva.
Tristeza é fardo que se leva,
pesado como noite sem alma,
que angustia e faz perder a calma.
É quando se irrita, se aborrece e se agita.
E a solidão calada, no peito grita.
Alegria é quando o brilho do sorriso
se faz luz no paraíso, desafia a treva,
purifica Adão e sacraliza Eva,
sem pecados, trevos da sorte,
risos libertos desde o sul até o norte.
Alegria cruza o derradeiro portal
no ritual de passagem chamado morte:
e ressurge nova vida, dessa vez imortal.
No avesso do verso de outra vida
o coração do poeta voa leve
para além da rima, sonata breve,
ecoando em suave melodia
que tece a estrofe da alegria.
Em ouro e prata, brilham os versos
de outras eras, de novos universos.
Ser alegre ou ser triste não é bem a questão.
Ser como se é, nisto a vida consiste,
pois tudo pode ser alegre ou pode ser triste.
Depende do sonho, do sentimento e da emoção.
E do tamanho do amor que existe
e insiste em brilhar como estrela de fé no coração.
(José de Castro, 09/09/09: para Rejane Leopoldina, minha mestra de Reiki que aniversaria hoje)