Poema sem lógica
Saio de casa, apressado,
no rítimo do futuro incerto,
ou do carro desvairado na rua vazia.
De repente paro, e em frente a uma vitrine
me deparo com uma lembrança
dos tempos em que o próprio tempo
parava para mim.
O tempo em que brincadeira era coisa séria,
e coisa séria era brincadeira,
que se perdia ao vento.
Agora me transporto para o hoje,
e novamente me encontro
em frente a vitrine,
mas vitrine não reflete mais
a rua vazia, agora reflete a imagem
de alguém que tem na vida nada mais
do que a própria vida, e mesmo assim
vive-a feliz por ser o que é.
É um poeta, sujo, maltrapilho,
mas um poeta sem medo da poesia
(e muitos têm) que se dá através
de linhas ocultas ou lembranças esquecidas
em vitrines, vitrines de ruas vazias.