A Terapia do Perdão
 

Quando parte de mim
consegue libertar-se das teias
que ligam-me ao corpo físico,
embora vivo e desperto
sinto como se estivesse a vagar,
com a alma liberta de tudo.
Os sentimentos elevam-se,
os pensamentos ganham rapidez,
aumenta a sensibilidade.
Em meio à conturbação
do cotidiano consigo vagar
em momento de paz e serenidade.
Quantas vezes não desejei empreender
uma fuga definitiva,
mas seria terrível engano.
Seria rebelião incompatível
com a maturidade da aceitação,
seria protelar um problema.
Assim, se não me cabe 
ficar aprisionado ao corpo,
também não é correto fugir da vida.
Todo destino tem que ser realizado,
ele já foi escrito pelo livre arbítrio, 
no passado da alma.
Pela lei da causa e efeito
haveremos de evoluir apenas
quando vencermos a nós mesmos.
A consciência é conquista das dores
onde a eternidade subjuga, 
com sua força, a efemeridade.
Todo ego haverá de maturar em eu,
mas antes o orgulho agressivo
deverá ser pacificado.
Somente a verdadeira humildade
levará ao equilíbrio,
somente o amor levará à humildade.
É preciso aprender a amar-se,
longe da autopiedade paralisante
e do amor próprio dilatado
e agressivo quando ferido.
Nem a passividade,
nem a vingança,
o perdão é meio dinâmico
de libertação das ofensas.
É deixar o coração mais leve,
é não vincular pelo ódio,
é não criar relação inútil,
é ser livre do desafeto.
É opção de vivenciar
o verdadeiro amor,
que é aquele
que também não se prende,
se sente, mas é leve,
é caminho escolhido
pela alma, e não imposto
pelo instinto.
É liberdade de ser,
de sentir afeto por si
e pelos outros, liberto,
da expectativa,
cumprindo sua parte,
jogando sementes ao vento,
deixando que encontrem
solo fértil.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 07/09/2009
Código do texto: T1797433
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