Vontade e Destino

Por entre as tantas certezas,
vislumbrar um universo
de inúmeras dúvidas.

E após reconhecer
a força da vontade,
tentar contê-la, 
em busca de direção.

E por muito almejar e querer,
abster-se do desejo
para evitar o sofrimento.

E por ser vontade
individual e orgulhosa,
rebelar-se, esgotar-se
em aceitação.

Mas difícil é a conformação.
Existe uma queda de braço
com o destino imposto,

um conflito que mesmo
quando renunciado,
o opositor insiste em provocá-lo.

Reconhece a fúria
que amadureceu em raiva, 
que envelheceu em irritabilidade.

Um bem criado incômodo,
uma saturação de mediocridade
cheia de estupidez.

Com a obstinação de perseguidor, 
descobrir-se sendo
a presa de sua caçada.

Terrível voltar
a ferrenha vontade contra si,
cheia de inflexibilidade
e intolerância.

Um duro e reto juiz,
porém árido de misericórdia,
cego aos pecados humanos.

Querendo ser espírito
antes de ter completado
sua evolução como homem.

Pressentindo andar
por grandes alturas,
vendo-se à beirada
de profundos abismos.

Cansado de tanto lutar,
esbravejando por exaustão,
se seu destino é justo ou não.

Brigando com o Criador,
querendo ter acesso à sua sentença,
desejando entender.

Devendo algo, 
até onde deverá ir
para pagar tais dívidas?
Dúvidas sobre a misericórdia.

Uma intensa desarmonia,
fora do tempo e do espaço,
querendo sair pela tangente.

Centralizando-se no conflito
entre estar de bem com a vida
ou aliar-se à morte.

Dando mérito
à incredulidade da razão,
mas pressentindo
a necessidade da fé.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 07/09/2009
Código do texto: T1797340
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