Orgulho e Humildade

E não querendo alimentar
o funesto orgulho,
ainda assim sente desprezo.

A velha arrogância
insiste em fazer-se viva, 
mesmo quando
já deveria estar morta.

Estranha composição psíquica,
um profundo amor
que embate-se com igual ódio.

Sem vontade para odiar,
sabendo infantil o niilismo,
vaga como alma penada.

O coração do vulcão extinto
insiste em pulsar,
não reconhece a própria morte.

A garganta silenciada
não aceita o desânimo da voz,
quer trovejar em gritos,

quer cuspir sobre a lembrança
dos sofrimentos retificadores.

Que importa
ter sido um lutador vencido?
A luta em si alimenta-se.

A maldição da luta
que não abandona
os nascidos na forja da guerra.

Que fazer com a geração
dos pudicos pecadores,
dos milicianos vencidos?

A velha corja de rejeitados
caminha perdida
pela terra do degredo.

São soldados sem rumo,
são guerreiros sem guerra,

pois que a consciência
eleva os ideais.

E construir está
muito acima do destruir.

A força está na bondade
e não no ódio.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 05/09/2009
Código do texto: T1794044
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