CORPO, ALMA, ESPÍRITO... LIVRES!
Quando a inspiração toma conta do meu ser
Nem posso entender por que há este querer
Eu, que sou corpo, espírito, alma em emoção
Fico em estado de encantamento e sedução
Libero a alma ao navegar com intenso prazer
E os arrepios que se formam chegam a doer
Vou dando asas, braços e corpo à imaginação
Ocorre um processo como explosão de vulcão
Eu que era um ente, viro centenas de milhares
Sinto pêlos e meus fragmentos se multiplicarem
E nem eu me reconheço na aparência de ninfeta
Fico assim, tipo maluco beleza de bate - pronto
Então, de repente poderei nem ser eu mesma
Tanta transformação que se dá em mutação
Vagar a esmo neste insólito e solitário planeta
Ao reboque e entregue aos desígnios da sorte
Voando bem alto, vou ficar longe da realidade
Em sonho maravilhoso, profundo e comovente
Posso virar lua, sol, nuvem, estrela ou cometa
É algo que transcende aos versos de um poeta
Podendo estar na rua, no trem e nas montanhas
Ser poderosa realizando as mais belas façanhas
Ser viaduto, palco, picadeiro, pracinha ou cidade
Sendo dotada da maior e melhor das capacidades
Como um raio a emitir inebriante eletricidade
Posso ir ao céu e descer ao inferno, ir ao paraíso
E tudo faço de improviso sem nenhum aviso
Sou menina, moça, idosa, santa, vilã e cortesã
Sou palhaço, jurado, carrasco ou perder o juízo
Posso ser eu ou você e ficar invisível à multidão
Desperto crianças, moços, velhos em profusão
Posso berrar, uivar, beber ou virar mãe natureza
Não tenho em mente palavras para tanta proeza
Posso viajar no túnel do tempo e fazer regressão
Ir da beira, sem eira, ao miolo do eixo terrestre
Ser uma folha ao vento levada pela correnteza
Ser cartão postal, ou a tela de valor inestimável
O porto seguro ou um por do sol de rara beleza
Nesse vai e vem só desperto confiança e certeza
Ser uma princesa, um príncipe ou virar mendigo
E não temo besteiras ou quaisquer das safadezas
Ser um deus, criar o universo, virar mar e poeira
Fico ao que der e vier com esperança altaneira
Ser sincera, mãe, madrasta, falsa ou verdadeira
E planar sem pára-quedas e sem medo do perigo
Disposta a dar meus beijos e abraços aos amigos
E assim, acredite, sou eu mesma, com toda certeza
Tendo você ao meu lado, nado e subo correntezas
E mesmo que pareça ser uma poetisa delirante
Não deverei ser julgada e condenada à revelia
Sou verso, rima, estrofe, métrica e sou poema
Rabisco palavras, atos, fonemas sem problemas
Assim, neste dilema sem fim... Eu sou a sua poesia!
Dueto: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes