ANA LÍDIA*
Na manhã dominga
que o sol incendeia,
o teu ser tateia
meu olhar e o xinga.
Em luz purpurina,
conflitas-te inteira
da piscina à beira,
pois que és divina.
Ante os sons do rito,
na canção do quando,
eras tu ferrando
o meu peito aflito.
Eras, Ana Lídia,
a musa mais linda
que jamais, ainda,
debuxou a mídia.
Ah, visão falaz,
do meu passo ao gume,
foste como o lume,
foste e... nunca mais.
(Novembro de 1996)
Fort., 25/08/2009.
* * *
*Nota:
Um domingo longínquo, ano incerto.
Sob sol cristalino, sentado num banco
de madeira, à beira de uma piscina,
vislumbro uma linda jovem, que se
senta a meu lado. Rápida conversa e
só lhe pude saber o nome e que ela
era do DF. Pedi licença e fui pegar
uma latinha de cerveja. Ao voltar,
nem mais sinal da encantadora moça.
Ainda a procurei, por todo o SESC.
O inusitado foi que, dias após, toda
a imprensa divulgou estupro/assassi -
nato de uma adolescente, em Brasília.
Anos e anos, o fato não me saiu da
cabeça. Em 96, com a impressão de
que a pessoa que vi é a mesma que
fora morta, rabisquei o texto acima.
Sou meio agnóstico, não faço ficção.