Os Servos do Ter
 
O delírio febril de olhos
que de tão iludidos
pelo apego aos objetos
não querem ver.
Posseiros daquilo
que não lhes pertence,
procuradores desautorizados
do que falam.
Donos do realismo
que alimenta continuamente
o fluxo de recursos
para seus ávidos bolsos.
Dominantes no cotidiano,
crentes de fantasias espirituais,
iludidos que vivem 
iludindo os outros.
Loucos cuja insanidade
é alimentada pela sede insaciável
de obter sempre um pouco mais.
Nunca haverá o suficiente
para nutrir tamanha voracidade
de sustentar o próprio apego.
Mas que saibam
que a lei do Criador
suplanta os enganos
e deslizes da lei humana.
Dia haverá que surgirá
pequena trinca naquele
que supunha-se ser indestrutível templo.
Esta há de expandir-se
na intensidade da sentença punitiva
do verdadeiro e único juiz.
Criará outras tantas,
muitas frestas onde a luz
entrará para o que antes
ficara restrito às trevas.
Será a bendita luz
dos astros celestes
a dissipar a acumulada
quantidade de escuridão.
Será a lembrança distante da criação
retornando à dimensão da vida
que já pensava-se inexistente.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 24/08/2009
Reeditado em 24/08/2009
Código do texto: T1771966
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