POEMA DE CORPO E ALMA

Quando a inspiração toma conta do meu ser

Eu, que sou corpo, espírito, alma e emoção

Libero a alma ao navegar com intenso prazer

Vou dando asas, braços e corpo à imaginação

Eu que era um ente, viro centenas de milhares

E nem eu me reconheço, nas vestes de ninfeta

Então, de repente poderei nem ser eu mesma

Vagar a esmo neste insólito e solitário planeta

Voando bem alto, ao ficar longe da realidade

Posso virar lua, sol, nuvem, estrela ou cometa

Podendo estar na rua, no trem, na montanha

Ser viaduto, palco, picadeiro, praça ou cidade

Posso ir ao céu e descer ao inferno, ir ao paraíso

Sendo menina, moça, idosa, santa, vilã e cortesã

E ser palhaço, jurado, carrasco ou perder o juizo

Posso ser eu ou você e ficar invisível à multidão

Posso berrar, uivar, beber ou virar mãe natureza

Posso viajar no túnel do tempo e fazer regressão

Ser uma folha ao vento levada pela correnteza

Ser cartão postal, ou a tela de valor inestimável

O porto seguro ou um por do sol de rara beleza

Ser uma princesa, um príncipe ou virar mendigo

Ser um deus, criar o universo, virar mar e poeira

Ser sincera, mãe, madrasta, falsa ou verdadeira

E planar sem pára-quedas e sem medo do perigo

E assim, acredite, sou eu mesma, com certeza

E mesmo que pareça ser uma poetisa delirante

Não deverei ser julgada e condenada à revelia

Sou verso, rima, estrofe, métrica e sou poema

E neste dilema sem fim... Eu sou a sua poesia