Cavalgada Celestial

O sonho e o ideal são sementes
que devem estar no coração do forte,
pois a ele cabe o destino de educar o infante.
É o forte que tem que tomar as rédeas de si,
para poder assim servir aquilo que lhe é maior.
O mundo instintivo
não deve corromper o ideal evolutivo
transformando-o em peça acessória.
Cabe à semente da evolução
fecundar o solo do mundo,
fertilizando-o com a possibilidade de futuro.
Entretanto, é preciso maturidade
para poder substituir a violência
por enérgica educação.
O afeto não deve
ser encarado como fraqueza,
mas com verdadeiro e puro sentimento
conduzido pela mente.
Os grandes propósitos
não se realizam pelo acaso,
mas pela luta dedicada dos bons combatentes.
E estes são como que cavalos selvagens
que cedem o lombo
como se fossem humildes jumentos.
Leais à consciência, adotam
um trote leve mesmo
quando os velhos impulsos
despertam a vontade de correr.
Baixam os punhos,
dão o pescoço à espada
se acreditarem estar
a serviço de sagrada missão.
Assustam seus agressores
por sua força nata,
pelo poder que emana 
de sua suposta vulnerabilidade.
Despertos em espíritos, 
podem aprisionar os seus corpos,
mas nunca suas almas
de velhos potros bravios.
Tenhamos, entretanto,
que a maior de todas
as prisões são os instintos
que não evoluem em virtudes.
O homem tem natureza dúbia,
é metade animal,
metade espírito.
Uma é passado, a outra é futuro.
Os velhos potros
sonham em serem águias
para galopar com suas asas
os belos campos de nuvens do céu.
E o céu é promessa
que alimenta o ideal
que um dia foi apenas sonho. 
É liberdade que anula qualquer prisão.
É imagem diária da criação divina
a abençoar os limitantes momentos
dos enclausurados pelo cotidiano.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 18/08/2009
Reeditado em 15/12/2019
Código do texto: T1760801
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