Memórias da Alma

Após o toque suave
da intensa liberdade,
o encontro com a limitação,
as barreiras invisíveis.
A criação dos traumas
no encontro dos lapidados ideais
com a imperfeita realidade mundana.
Uma imagem significativa,
a pureza angelical do horizonte
sobre a beleza selvagem da Terra.
Diferenças que ao invés
de confronto desarmônico,
parecem integrar-se,
completando-se.
Em meio a isto toda a grandeza
e a pequenez humana,
todo seu engano e a sua verdade.
O seu delirante sonho,
o seu desejo insatisfeito
de tornar-se um dia um ser celestial.
Pensamentos errantes organizam-se,
emoções disformes ganham corpo. 
Almeja o céu.
Lamenta a sua condição,
sua distância das nuvens,
o seu isolamento planetário.
Seria um ermitão ou um anjo caído?
Teria conhecido o céu? 
Haveria estado no inferno?
Estaria ali por misericórdia e graça
ou por matemática justiça?
Por que vivia e existia?
Ante as monumentais virtudes
das sementes do horizonte,
os pobres e miseráveis pecados.
Seriam trevas efêmeras
sendo banhadas por luzes eternas?
Seria convite ou destinação?
Lar do Divino, longe das fronteiras,
distante das linhas
que delimitam as posses egocêntricas.
Quem sabe seja a lembrança de um olhar,
as pupilas e o cristalino
dos olhos do próprio Deus.
Fascinante olhar, 
puro alimento
que nutre o coração impulsivo
dos que buscam a verdade.
Força pacífica que confunde
os ímpetos guerreiros.
Energia suave
que conduz e transcende.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 17/08/2009
Reeditado em 17/08/2009
Código do texto: T1758917
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