A VOZ DO SILÊNCIO

Ouço a voz do silêncio,

um murmúrio distante

de águas cachoeirando.

Na brisa fresca,

o silêncio passeia por vales e montes,

e acaricia as folhagens com dedos invisíveis.

Preenche-me com a sua voz de formiga.

A mesma voz que sussurra

ao ouvido da flor o mistério de se abrir.

Vem me contar em segredo

o brilho do orvalho

prateando de surpresas a face das manhãs.

A quietude inaugura uma paz antiga,

como o afago das lembranças

pousadas em prateleiras limpas,

isentas de angústia e medo.

O silêncio é uma ânfora de ouro e prata

vertendo o néctar sagrado do Infinito.

É um cálice de cristal do tempo,

onde almas extasiadas bebem Luz.

Nesse mar de paz profunda,

ao mesmo tempo me ancoro,

ao mesmo tempo velejo vida à fora,

silêncio a dentro.

José de Castro
Enviado por José de Castro em 13/06/2006
Reeditado em 31/03/2019
Código do texto: T174938
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