A VOZ DO SILÊNCIO
Ouço a voz do silêncio,
um murmúrio distante
de águas cachoeirando.
Na brisa fresca,
o silêncio passeia por vales e montes,
e acaricia as folhagens com dedos invisíveis.
Preenche-me com a sua voz de formiga.
A mesma voz que sussurra
ao ouvido da flor o mistério de se abrir.
Vem me contar em segredo
o brilho do orvalho
prateando de surpresas a face das manhãs.
A quietude inaugura uma paz antiga,
como o afago das lembranças
pousadas em prateleiras limpas,
isentas de angústia e medo.
O silêncio é uma ânfora de ouro e prata
vertendo o néctar sagrado do Infinito.
É um cálice de cristal do tempo,
onde almas extasiadas bebem Luz.
Nesse mar de paz profunda,
ao mesmo tempo me ancoro,
ao mesmo tempo velejo vida à fora,
silêncio a dentro.