POEIRA LÍRICA
A maioria dos versos que faço
Povoa o território do anteontem
Não tem a sorte de estar num papel
Ou de brilhar numa tela de um micro
Fica caída pelo chão da estrada
– caminho rotineiro do trabalho
Escoa pelas águas do chuveiro
Dorme na escuridão da madrugada,
Imersa em sono pesado e profundo
Mas quando miro a tez da infinitude
Da distância de tudo o pensei
Sinto que os versos estão todos lá
No anil do azul do céu – poeira lírica
Poemas intocáveis, esquecidos
Aves canoras de bela plumagem
A volitar em perpétua viagem,
Em revoada, aud-azes, atre-vidas,
Nunca mais vistas, nunca mais ouvidas
Por olhos de ninguém – olvidos meus,
E enfim repousam no colo de Deus...
Oldney Lopes©