Só poema

Poesia não tem boca,

que se boca tivesse,

viveria gritando feito louca,

viveria gemendo paixões;

recolhendo risos e solidões.

Poesia não tem pernas,

que se pernas tivesse,

andaria em buscas eternas,

andaria em trôpegos passos,

até se acomodar num espaço.

Poesia não tem olhos, nem mãos.

Porque é cega, se perde em vãos

de tantos, quantos peitos,

procurem versos perfeitos!