Enfim me vejo
Se alguém perguntar por mim
Lhe responda que estou acuada
Em qualquer organismo alheio
Na busca de água ou de sangue
Que me possa matar a sede.
Ou nada responda e saberão então
Que o corpo ao qual pertenço
Ocupa agora o lago do esquecimento
Beirando meadas do fim da existência
Ou apenas deixando de ser lembrança
Para tornar-se um passado relapso
Cuja presença é tão vaga
Que chega a ser despercebida.
Mas por favor! Só não revele
A implícita razão da ausência
De mim mesma.
Temo perder a paz que encontrei
No recôndito onde hoje me abrigo.
E correr o risco de novamente
Ser eu, por tão cedo, dispenso!
Quero ainda, caminhar em meio às relvas
Do campo, que vejo à frente.
Não sei ao certo o seu destino ou o meu,
Talvez esse caminho nem tenha um fim.
Só quero segui-lo, calma e mansa,
Em nome da esperança ilhada que
Me cerca e possui, de descobrir em mim
O paraíso alheio que tanto busquei
Nos outros, sem obter sucesso.
E olhando de fora para dentro de
Mim mesma, contemplarei que
Em meu ser habita uma fonte
Inesgotável de felicidade.
Então terei chagado ao fim do campo
Das relvas, e poderei novamente me habitar.
Desta vez e para sempre feliz. E se acaso
Me encontrar triste, bastara apenas
Retornar aquela fonte, novamente
Saciar a minha sede e em seguida
Voltar para mim, completamente satisfeita
E mais uma vez, feliz.