Enfim me vejo

Se alguém perguntar por mim

Lhe responda que estou acuada

Em qualquer organismo alheio

Na busca de água ou de sangue

Que me possa matar a sede.

Ou nada responda e saberão então

Que o corpo ao qual pertenço

Ocupa agora o lago do esquecimento

Beirando meadas do fim da existência

Ou apenas deixando de ser lembrança

Para tornar-se um passado relapso

Cuja presença é tão vaga

Que chega a ser despercebida.

Mas por favor! Só não revele

A implícita razão da ausência

De mim mesma.

Temo perder a paz que encontrei

No recôndito onde hoje me abrigo.

E correr o risco de novamente

Ser eu, por tão cedo, dispenso!

Quero ainda, caminhar em meio às relvas

Do campo, que vejo à frente.

Não sei ao certo o seu destino ou o meu,

Talvez esse caminho nem tenha um fim.

Só quero segui-lo, calma e mansa,

Em nome da esperança ilhada que

Me cerca e possui, de descobrir em mim

O paraíso alheio que tanto busquei

Nos outros, sem obter sucesso.

E olhando de fora para dentro de

Mim mesma, contemplarei que

Em meu ser habita uma fonte

Inesgotável de felicidade.

Então terei chagado ao fim do campo

Das relvas, e poderei novamente me habitar.

Desta vez e para sempre feliz. E se acaso

Me encontrar triste, bastara apenas

Retornar aquela fonte, novamente

Saciar a minha sede e em seguida

Voltar para mim, completamente satisfeita

E mais uma vez, feliz.

Miss Angel
Enviado por Miss Angel em 31/07/2009
Reeditado em 18/03/2012
Código do texto: T1729766
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