ESCUTO UMA VOZ ( PARA A CIRANDA PROPOSTA PELA MAYSA)

Não, ainda não escuto a voz

apenas um silêncio opaco

que me obstrui os passos

há muito detidos a esmo.

Sei que existe a voz que em tempos mais puros

revelou-me segredos.

Agora é tempo de espera

apenas tempo de espera

entre os escuros.

Em algum lugar de mim

sei que a voz me espera

espera por mim

como por ela espero.

O tempo que por ora

me segrega tudo

voltará revelando outro Sol

por detrás desta noite

da presente noite

cilício e sacro-ofício.

Há dentro de mim a voz que me espera

seu tempo de dizer de novo

o mesmo dito agora adormecido, calado

provisoriamente

como Deus atento à espera do Homem

enquanto vela ao redor do seu Grito.

Zuleika dos Reis

26 de julho de 2009.