ALMA TRANSBORDANTE
Inquieta a minh’alma navega
Por inóspitos caminhos se insinua
À procura de carinhos fica nua
Percorre veias, oceanos, entranhas
Por vezes na lida labuta se assanha
Abre ares, terras, águas e espaços
Trafegando como roto andarilho
Entre o tudo e o nada se esvazia
É às vezes minúscula que se agiganta
Floresce em jardins secretos
Aparece na pétala de rosa
No pólen do bico do beija-flor
Num orvalho ou por do sol
No brilho das primeiras horas da manhã
Na onda que quebra na praia
No olhar de soslaio na saia... Na calcinha
No decote que explode os seios da menina
No umbigo... Nas coxas... Nas nádegas
Na magia da ousadia vadia
Em cócoras das anáforas
Nas desprezadas axilas
Na tinta da caneta que borra
Pena que deflora a resma de papel
Na corda que vibra o violoncelo
Nas redes estufadas pelo gol de meu time
Ela é por vezes intrusa e tímida
Errante e paciente na procura
A cura dos males do tempo
Desvenda segredos e seus medos
É covarde e também heroína
Intrépida na sua sina
Minh’alma transborda comportas
Arrebenta toda e qualquer represa
É tempestade e calmaria
Esta na brisa e na maresia
Plena e ébria de empatia e sinergia
Ela é a minha própria poesia.
Hildebrando Menezes