ALMA TRANSBORDANTE

Inquieta a minh’alma navega

Por inóspitos caminhos se insinua

À procura de carinhos fica nua

Percorre veias, oceanos, entranhas

Por vezes na lida labuta se assanha

Abre ares, terras, águas e espaços

Trafegando como roto andarilho

Entre o tudo e o nada se esvazia

É às vezes minúscula que se agiganta

Floresce em jardins secretos

Aparece na pétala de rosa

No pólen do bico do beija-flor

Num orvalho ou por do sol

No brilho das primeiras horas da manhã

Na onda que quebra na praia

No olhar de soslaio na saia... Na calcinha

No decote que explode os seios da menina

No umbigo... Nas coxas... Nas nádegas

Na magia da ousadia vadia

Em cócoras das anáforas

Nas desprezadas axilas

Na tinta da caneta que borra

Pena que deflora a resma de papel

Na corda que vibra o violoncelo

Nas redes estufadas pelo gol de meu time

Ela é por vezes intrusa e tímida

Errante e paciente na procura

A cura dos males do tempo

Desvenda segredos e seus medos

É covarde e também heroína

Intrépida na sua sina

Minh’alma transborda comportas

Arrebenta toda e qualquer represa

É tempestade e calmaria

Esta na brisa e na maresia

Plena e ébria de empatia e sinergia

Ela é a minha própria poesia.

Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 05/07/2009
Reeditado em 05/07/2009
Código do texto: T1683354