Viagem vaga
No meio do mar eu vi teu rastro
nos passos de um certo sol empoeirado,
ambos caçavam um horizonte achado
perdido entre o céu e algum inferno vago.
Minha voz é filha de um longo deserto,
árido como a tua, livre como o eterno
que há em todo o instante e que nunca se acaba.
Meu abraço é feito dos teus desencontros
e quando eu venho, tu vás,
pisando os mares nos rastros do mundo
sem sol chegado ou lua que escura nunca sai.
O meu luar existe sombreando estrelas
porque tua canção chora de saudade
e o horizonte não nos dá estradas
porque nossa viagem é vulto virtual que apenas vaga.